Era uma vez um Castelo. Será alguma vez a Confiança?

   Quer o destino que não fale no castelo sem pelo menos lançar um alerta a quem me lê sobre mais um perigo para a história de Braga. Bem tento começar a Blogue com algumas novidades, mas neste momento uma luta mais urgente impõem a nossa atenção e dedicação. Não vou entrar em muitos detalhes até porque o tema é demais conhecido e os meus conhecimentos sobre este caso são muito escassos.

   São no entanto o suficientes para me juntar a esta luta pela preservação de mais um monumento, não no sentido literal da palavra, mas no sentido que está enraizado na memória colectiva da cidade e é muito necessário pelas mais diversas razões.

   Mas decidi tomar parte de este movimento de cidadãos por uma causa muito específica; por questões políticas.

   Quem me conhece sabe que sou politicamente neutro. Não tenho partido, não me vejo representado por nenhum tipo de ideal defendido pelos mesmos. Concordo com alguns, discordo de todos... Vejo a política como apenas uma continuação de um jogo de interesses que dura há milénios por todos os campos do globo; quem está no poder tem a vantagem de se aproveitar dos demais. Poucos estadistas houve na história da Humanidade que conseguiram usar o seu poder para melhorar legitimamente as condições dos povos.

   Nem sequer me revejo na monarquia, pelo menos nesta sociedade moderna em que vivemos. É um pouco problemático pois debato-me muitas vezes com problemas sobre vários assuntos relacionados com a política mas acabo por ficar enojado e saturado com o que acontece e afasto-me cada vez mais.

   No entanto, o facto de não me rever na política não significa que não esteja atento. Aliás, gosto de prestar atenção, mas com calma e ponderação,sobre os assuntos que atravessamos, pois gosto de os estudar sob a perspectiva da história. E talvez seja esse o meu maior erro; é que a história , embora não se repita, passa por ciclos e quem estuda história, sociologia, antropologia, Etc. rapidamente descobre alguns padrões semelhantes a acontecimentos passados. Lembremos a velha piada...

   E neste caso temos novamente a mesma situação com practicamente os mesmos intervenientes; Um Bem Público e a Câmara Municipal de Braga. Talvez desta vez seja mais complicado no sentido de que houve promessas eleitorais e compromissos que foram assumidos. A Câmara adquiriu uma propriedade com valor histórico, ou se quiserem, com um impacto muito importante na memória da Comunidade e comprometeu-se a reabilitá-lo. Efectuou concursos, que puseram muitas pessoas a trabalhar no sentido de preservarem o local mas principalmente, dinamizar todo o conjunto para o benefício daquela zona da cidade, que automaticamente ira ter impacto sob o resto da cidade. Esse trabalho custou trabalho, tempo e dinheiro às centenas de pessoas que se juntaram e apresentaram projectos. Agora, são simplesmente colocados no lixo (ou talvez já lá estava).

   Depois deixou passar o tempo, suficiente para agora dizer que o local está practicamente em ruínas, que não há viabilidade económica, que seria demasiado dispendioso e que não existem verbas.

   É só a mim que isto parece retirado de um momento histórico em Braga muito parecido? O Modus Operandi é assustadoramente parecido e isso provocou-me calafrios...

   Por essa razão compareci na Junta de Freguesia de São Victor no passado 14 de Setembro e ouvi com muita atenção todos os participantes. Foi bom ver a sala completamente cheia... O que me incomodou bastante, e não só a mim, foi que neste debate público, que deveria ser um espaço onde o Povo se juntaria para discutir ideias e avançar com hipóteses, houve imediatamente uma tentativa de aproveitamento político por parte de partidos da oposição, que, para mais insulto, chegaram a levar as declarações escritas em papel!

   Nós Povo, queremos o nosso próprio espaço de debate, o nosso próprio local seguro, sem a interferência de políticos, cuja história é sempre igual, é sempre repetida, é sempre nauseabunda. Se desejavam falar, que o fizessem como Cidadão comuns, Nunca apresentando-se como elementos da bancada ou da oposição ou do partido. E o mais engraçado é que não foi apenas a mim que me enfureceram. Muitas pessoas saíram da sala e uma jovem senhora por trás de mim levantou-se e protestou veementemente contra a presença desses elementos na tentativa de colher dividendos políticos, em vez de realmente quererem ajudar a causa.

   É nestes momentos que agradeço não ser realmente arqueólogo, pois se fosse...

   Não vou prolongar demasiado o assunto, até porque este espaço deve servir para defender o Património, mas... a Confiança também é património.

   Confesso no entanto uma coisa que me tem perturbado muito nestes dias; O Ser Humano. O Ser Humano quando entra em contacto com a política perde a alma, se assim quiserem entender. O Presidente da Junta de Freguesia de São Victor, o Arqueólogo Ricardo Silva sempre teve um papel muito dinâmico na protecção da história da cidade, promovendo debates, passeios, eventos, Etc. Foi convidado pelo Presidente da Câmara a juntar-se à coligação, justamente com a bandeira da Confiança bem levantada. Foi atraiçoado, apunhalado pelas costas. Percebo que tenha querido entrar nesse mundo para ajudar as pessoas, para fazer o bem, mas tinha a obrigação moral e ética de na altura ter recusado. Um estudioso, um académico não deve pactuar com a politica seja a que nível for. Principalmente no ramo da história, pois conhece o passado e sabe melhor que ninguém os perigos que o poder acarreta, transformando as pessoas. Agora tenta lutar, esperemos que não seja demasiado tarde.

   Outro caso que me está a custar muito é o caso do Professor Miguel Bandeira. Conheço-o pessoalmente e por várias vezes tem-me prestado auxílio nos trabalhos do castelo, ouvindo pacientemente as minhas ideias e aconselhando-me. Como pode um Homem com os seus conhecimentos, com o seu saber, com a sua sabedoria ter-se deixado levar para tal cargo que lhe está a destruir completamente a reputação? Como actuará neste caso?

   Quero acreditar que há resposta para tudo... que tudo não passa de um mal entendido. Prefiro imaginar lutas intensas com espadas, escudos e lanças entre todos eles no segredo da noite a tentar resolver estes problemas que Uma e só Uma causou. Não acredito no demónio mas acredito na maldade humana. E sabem uma coisa que a minha Tia sempre me ensinou? Nunca confies em quem fala contigo de braços cruzados à tua frente e não consegue olhar-te nos olhos com sinceridade... 

   Portanto, não é apenas travar a venda e possível perda irreversível da Confiança, mas travar este personagem que demonstra uma falta de cultura e respeito pela história e património da cidade. Bem dizem os Españois; 

"Lo que la cuna no dá, Salamanca no presta".

   Assinem a petição online, por favor. Se virem os formulários na cidade, voltem a assinar, por favor.

Petição pública 

   Tenham uma boa noite, dia ou tarde e façam por ser felizes.